Parabéns a mim!

Parabéns a mim! Vou festejar com tu! 

Palavras que poderiam perfeitamente ser da minha filha mais nova! São erros gramaticais que eu adjetivaria de adoráveis. E doces. E ternurentos. Estas palavras tão carinhosas nem merecem correcção, de tão doces que são. 

Mais um ano passado. Quantos são? Dizem que não se pergunta às senhoras. 

A mim não me incomoda o passar dos anos. As rugas de expressão. As histórias que contam. O currículum vitae de uma vida vivida. Os momentos sofridos e ultrapassados. Outros que ficaram na profundidade de cada poro. A vida contada no nosso rosto. Nas mãos. Na rugosidade da pele. Sem plásticas nem artefactos. Em carne e osso. Com olheiras das noites mal dormidas. Com rugas de sorrisos marcados e olhos que sorriem singelos. É envelhecer. Que não é mais que viver. Não fico triste nem melancólica no meu dia de aniversário. Gosto de acordar com a minha família. De fazer tudo com tempo e calma. Sem stress. Pequeno-almoço na cama. Levo as meninas à escola. Beijo-as e abraço-as com o meu infindável amor. O dia agora é para mim (excepção dada e muito bem a um divinal almoço de sushi com o marido). Para estar comigo. Me encontrar e reencontrar. Escrever. Fotografar. Ler. Passear. Pensar. Retrospectivar e futurizar. Tratar de mim. Por fora e por dentro. E acabar o dia outra vez em família. No calor do amor, na confusão e alegria das crianças, que sopram as velas por mim. Sim, estou mais velha. Tenho mais um dia que ontem. E tirei folga do dia-a-dia. Porque eu mereço! Parabéns a mim!

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