04 maio 2014

Mixórdia de sentimentos


Ser mãe é uma verdadeira mixórdia de sentimentos. De extremos. 
É, desde o início, a dor misturada com amor. De um amor tão grande, que não cabe no coração. Tão forte, que nos empurra os órgãos. Tão abrangente como uma doença disseminada. É tão bom, que nos faz repetir. É uma delícia este amor! 
É chegar ao ponto de estarmos tão fora de nós que nos metemos num chuveiro a correr para não ouvirmos mais birras. (A mãe larga a cria. Implora por um momento dela. Pequeno. Que seja. Uns minutos, apenas. Mas 100% dela).
Porque neste amor, no amor de mãe, não há privacidade. Nunca estamos sozinhas. Nunca.  Nem à casa de banho conseguimos ir sós. Nem pintar as unhas. Não há tempo para que sequem sem que tenhamos que fazer algo imprescindível. Qualquer coisa. Há sempre qualquer coisa a fazer. Algo que só a mãe pode fazer. 
Ser mãe é assim. É desejar a segunda-feira por perdermos a paciência para as birras sem razão do fim‑de‑semana. E, mal começa a "desejada" segunda, é um apertar de saudade que até dói. Uma dor que aumenta até a estrangularmos com o forte abraço no fim de tarde na escola. 
Ser mãe é, então, uma dor só. Ou muitas. Dói vê-los nascer. Dói vê-los olhar-nos pela primeira vez. Dói vê-los chorar, manhosos, no berço. Dói quando os vimos felizes e nos emocionamos. Dói quando vemos a dor nos seus olhos, sem a poder apagar. Dói de saudade vê-los crescer. Dói deixá-los na escola a chorar. Dói dizer que não. Dói muito. Educar dói. Às vezes, dói. Mas é por amor. E amar dói. 
Uma dor boa. Dói porque é um amor ao extremo. E o extremo avisa. Doendo. 
É assim esta união. Sem dúvida, uma união. De facto. Uma união umbilical que não se corta. Por nada nem ninguém. São células estaminais que fazem crescer em nós, mães, um novo órgão que todos desconhecem. Um órgão doente. De amor. Que dói por tudo e por nada. Que dizem ser bipolar. Sem cura. Ninguém a descobrirá porque ninguém a procura. Ninguém a quer. Porque ser mãe é coisa única. É ser mais. E mais alto. É sentirmos-nos no céu com tal presente. É esquecer o mundo com um sorriso. Viajar ao paraíso com um miminho. Sentirmos-nos felizes, muito felizes, com duas palavras inocentes e sinceras. É descobrir a capacidade de amar na sua plenitude. E desta, não me quero livrar nunca!
Amo-te mãe! Amo-vos muito princesas lindas!




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