5 anos

5 anos.

Há 5 anos fui mãe pela primeira vez. A minha pequenina (que agora é a grande, a maior ou a mais velha) já faz 5 anos. E eu já relembro saudosa os seus olhos arregalados e pestanudos olhando para mim mal nasceu. Aquele farto cabelo preto em pé que, tal como ela agora, não se deixava dobrar. Era uma bolinha linda a minha pequenina. Cheia de pneuzinhos fofinhos e pele macia e cheirosa de bebé. Dois anos passaram e, com coragem e determinação, atirou a chupeta pela janela. Os pais, ansiosos, olhavam tal acto petrificados e receosos dos momentos seguintes. Foi um adeus. Não mais se falou no assunto.

Com 2 aninhos beijou a chegada da mana. E que feliz me deixou. Mais uma vez.

Com 4 aninhos testa os meus saberes a cada dia. Um dia chega a casa e explica-me o que faz o coração. No outro diz-me que o amiguinho da escola partiu o rádio e o cúbito e que tem 206 ossos. Começa a questionar o nome deste e daquele osso no nosso esqueleto. 

Mais uns dias e diz-me os planetas. Aí caio na armadilha...

- Mãe, falta algum? - pergunta depois de os cantarolar.

Eu, meio distraída, e só ouvindo o final da cantarolice, digo muito assertiva: o plutão. 

- Mãe, o Plutão já não é um planeta!!!

- (Tens razão filha, desculpa).

Uns tempos depois, enquanto eu arrumava a cozinha. Ela sentada ao balcão, comendo morangos.

- Mãe, com que dentes estou a comer estes morangos? Com os que rasgam ou os que cortam? 

- Acho que a mamã tem que ir estudar o assunto para relembrar.

- Ó mãe, eu sei. Só queria ver se tu sabias...

Já para não falar novamente no poema lindo que me disse de cor olhando nos meus olhos...

Eles crescem, eu sei. Crescem e fazem-nos crescer a cada dia. 

O meu coração cresce a cada noite em que a deito e me abraça fortemente no silêncio. Ou quando me aperta muito a mão, um segredo de família que se traduz em muito amor. Foram 5 anos de puro amor. Uma linda e feliz história que ainda terá muito que contar. Amo-te muito filha! Parabéns!