27 outubro 2013

Sarajevo



Estrada fora, rumamos a Sarajevo! Avistando pequenos grupos de modestas casas aqui e ali, outras abandonadas talvez por mote de guerra, muitos cemitérios semeados ao longo da estrada ou em qualquer monte de terrenos íngremes, vai rodando o conta-kilómetros da viatura que nos passeia. Introspectivamente, cada um observa cenas comuns de diferentes filmes, que enredam cada cenário dentro da nossa mente! E é quando alguém grita: Olhem! Tantos gnomos! Poderão pensar que já estaria a alucinar com tantos filmes, mas não… Passo a explicar: eram muitos, muitos gnomos, em cerâmica, distribuídos pelo jardim de uma vivenda, como o de “O fabuloso destino de Amélie”. Não tencionando divulgar o segredo da minha cumplicidade com este filme, posso revelar-vos que o pequeno gnomo, agora denominado Prozor, a terra mais perto de onde nos encontrávamos, está hoje na minha varanda.
Cinco horas depois, já sem posição corporal possível, avistámos Sarajevo. São impressionantes os registos de guerra nos edifícios! Pequenos ou grandes, os buracos nas paredes, os vidros partidos, os tectos em pedaços…são marcas que ficaram e ficarão. Poucos são os furos das balas e granadas que foram vedados. Talvez porque já não vivam os proprietários… e para que se perpetuem estes registos, no não solucionar destes destroços. São o indicador visível do mal que por aqui passou! Os cemitérios avistam-se em qualquer instante…espalhados nas encostas mais íngremes, pela beira da estrada, no centro histórico,,, Uns tratados, com relva curta e flores coloridas…outros em que só se percebem as pontas das altas lápides, denunciando o abandono pelos humanos e o apoderar dos arbustos que crescem sem parar!
Ruas dentro, perfurando a cidade rumo ao centro histórico, atravesso um sem número de culturas e viveres distintos que me fascinam! Do turista ao bósnio, da criança correndo à velhota curvada na bengala, da loiraça de mini-saia à mulher islâmica coberta em panos, da qual retemos o cintilar do olhar…Todos caminhamos num só sentido. De porta em porta, o comércio clama pelo turista. São as balas de outrora, agora jarras de flores para turista comprar! São inúmeras as lojinhas onde o vendedor conta ser ele, ou o irmão, a esculpir imagens da cidade nos pratos, bules e chávenas de café ou chá. Grandes, médias ou pequenas! Douradas, bronze ou prateadas! Como qualquer turista que se preze, comprei uma lembrança. Ou duas.
Na praça central, sento-me numa esplanada observando o rodopio de gente, ouvindo o barulho dos sacos plásticos ou o bater das chapas dos souvenirs. Os aromas que pairam no ambiente estimulam o salivar! Preparo a mente e o estômago para a novidade que se aproxima: novos sabores, a reter nas lembranças bósnias! Estava descoberto o manjar: burek, o que explicaram ser o prato típico, que posso descrever assemelhando a uns canelonis de massa folhada com recheio de carne…
Percorro as ruelas pedonais de tons terra, admirando os edifícios terracota e apreciando os nativos que por mim se cruzam…Refresco-me na fonte do pátio da mesquita, observando o culto religioso dos homens e mulheres que, em retiro separado, descalços, falam com seu deus…
O sino badala a triste hora da despedida. É hora de voltar a desbravar as estradas bósnias, desta vez rumo a Mostar!


























texto: +mood
fotografia: Tiago Costa Freitas

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2 comentários

Unknown disse...

Gostei da descriçao! Quero mais!!!

+mood disse...

É só seguir esta road trip. Viajamos juntas!

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