Estrada
fora, rumamos a Sarajevo! Avistando
pequenos grupos de modestas casas aqui e ali, outras abandonadas talvez por
mote de guerra, muitos cemitérios semeados ao longo da estrada ou em qualquer
monte de terrenos íngremes, vai rodando o conta-kilómetros da viatura que nos
passeia. Introspectivamente, cada um observa cenas comuns de diferentes filmes,
que enredam cada cenário dentro da nossa mente! E é quando alguém grita: Olhem! Tantos gnomos! Poderão pensar que
já estaria a alucinar com tantos filmes, mas não… Passo a explicar: eram
muitos, muitos gnomos, em cerâmica, distribuídos pelo jardim de uma vivenda, como
o de “O fabuloso destino de Amélie”. Não tencionando divulgar o segredo da minha
cumplicidade com este filme, posso revelar-vos que o pequeno gnomo, agora denominado
Prozor, a terra mais perto de onde
nos encontrávamos, está hoje na minha varanda.
Cinco
horas depois, já sem posição corporal possível, avistámos Sarajevo. São
impressionantes os registos de guerra nos edifícios! Pequenos ou grandes, os
buracos nas paredes, os vidros partidos, os tectos em pedaços…são marcas que
ficaram e ficarão. Poucos são os furos das balas e granadas que foram vedados.
Talvez porque já não vivam os proprietários… e para que se perpetuem estes
registos, no não solucionar destes destroços. São o indicador visível do mal
que por aqui passou! Os cemitérios avistam-se em qualquer instante…espalhados
nas encostas mais íngremes, pela beira da estrada, no centro histórico,,, Uns
tratados, com relva curta e flores coloridas…outros em que só se percebem as
pontas das altas lápides, denunciando o abandono pelos humanos e o apoderar dos
arbustos que crescem sem parar!
Ruas
dentro, perfurando a cidade rumo ao centro histórico, atravesso um sem número
de culturas e viveres distintos que me fascinam! Do turista ao bósnio, da
criança correndo à velhota curvada na bengala, da loiraça de mini-saia à mulher
islâmica coberta em panos, da qual retemos o cintilar do olhar…Todos caminhamos
num só sentido. De porta em porta, o comércio clama pelo turista. São as balas
de outrora, agora jarras de flores para turista comprar! São inúmeras as
lojinhas onde o vendedor conta ser ele, ou o irmão, a esculpir imagens da
cidade nos pratos, bules e chávenas de café ou chá. Grandes, médias ou
pequenas! Douradas, bronze ou prateadas! Como qualquer turista que se preze,
comprei uma lembrança. Ou duas.
Na
praça central, sento-me numa esplanada observando o rodopio de gente, ouvindo o
barulho dos sacos plásticos ou o bater das chapas dos souvenirs. Os aromas que pairam no ambiente estimulam o salivar! Preparo
a mente e o estômago para a novidade que se aproxima: novos sabores, a reter nas
lembranças bósnias! Estava descoberto o manjar: burek, o que explicaram ser o prato típico, que posso descrever
assemelhando a uns canelonis de massa folhada com recheio de carne…
Percorro
as ruelas pedonais de tons terra, admirando os edifícios terracota e apreciando
os nativos que por mim se cruzam…Refresco-me na fonte do pátio da mesquita,
observando o culto religioso dos homens e mulheres que, em retiro separado,
descalços, falam com seu deus…
2 comentários
Gostei da descriçao! Quero mais!!!
É só seguir esta road trip. Viajamos juntas!
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