Mostar
é mais uma cidade mártir da guerra. Um sítio singular, que magicamente nos
envolve com a sua beleza. A mim e à UNESCO, sendo por esta considerada património
mundial. Invadindo as estreitas ruas pedonais do centro histórico, logo me
impressionei com este comovente lugar bósnio. Agradeci a mim mesma o facto de
não ter antecipadamente procurado imagens deste local, pois o impacto fez o meu
corpo estremecer! Embora eu ignorasse a existência deste pedaço de terra
acolhedor, constatei que o mesmo não acontecia com muitos turistas que por
estas mesmas ruelas se laureavam…De porta em porta, pequenas lojas com imagens,
postais, os célebres ímans de
frigorífico, joalharia artesanal, antiguidades e diversos utensílios dos
soldados, sendo estes alguns dos vestígios da guerra que por ali derrubou firmes
alicerces desabando muitas vidas e famílias…
Abre-se
a cortina frente aos meus olhos, e a imagem do rio e sua simples mas sublime
ponte completa a conquista da porção hesitante e curiosa que em mim vive! É
através desta ponte pedonal que alcanço a outra margem, avançando no jogo de
sedução que este pitoresco sítio exerce sobre mim.
- DON`T FORGET this
image! - exclama a cidade a cada esquina.
A
noite cai lentamente e o encanto aumenta com o contraste das luzes. Cada
esquina oferenda-nos surpreendentes imagens dignas de revista ou ilustração
postal e os flashes não param de se ver cintilar… Do outro lado do rio, os
românticos jantares à luz de velas condizem com o ambiente de sedução de
Mostar! Em cada socalco, acendem-se calorosas e pequenas chamas que acompanham
agradáveis jantares e que, na íngreme encosta, repleta de esplanadas envoltas
em verde natureza, dão mais luz ao branco luar que abraça o momento…
Entrando
e saindo das lojas comerciais, acabo por desembocar numa exposição fotográfica
de imagens da destruição que a guerra detonou neste pequeno local do mapa…Ainda
em encantamento, qual namoro em primeiros tempos…entro em estado de choque ao
ver as imagens do local onde me encontro, feliz, completamente destruído, não
restando pedra sobre pedra em qualquer construção…Foto a foto…os meus olhos
percorrem a medo aquelas tristes reproduções do arruinado local que há momentos
me dava alegrias e agora fazia crescer a emoção no meu coração…do coração à
lágrima no canto do olho foi um segundo… Respiro fundo e saio…saio para olhar a
magnífica reconstrução do conto que vivia minutos antes…
fotografia: Tiago Costa Freitas
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