28 fevereiro 2014

É carnaval. Não levem a mal.


E se é carnaval, não levem a mal. 
Ninguém levará a mal que em época carnavaleira, de folia e muita parvalheira, tenha que ler umas palavras lamechas. Sim, palavras de uma mãe lamechas que apenas lhe apetece gritar o quanto ama as suas princesas. Princesas mesmo! Poderão ver que sim.
E, depois de uma pequena intervenção cirúrgica da mais velha (nada de preocupante, calminha), o meu coração começa agora a voltar ao seu tamanho original e a bater normalmente. Estava apertadinho, apertadinho... Em arritmias constantes. Aproveito para enaltecer a força de muitos pais que acompanho no hospital onde trabalho e outros por esse mundo fora, porque nada é mais difícil que ver os nossos pequenos tesouros a sofrer e não podermos ocupar a sua posição. Ver colocar cateteres e não poder estender a nossa mão. Ver veias rebentarem, olhinhos de dor e mais uma picadela para novo acesso. Ver esses mesmos olhinhos se fecharem instantes depois do propofol (anestésico) entrar. Ver a serenidade no recobro e um acordar tão agitado. A agressividade, a raiva, a revolta pela incompreensão do momento. Ver a dor. Explicar a quem não quer saber porque terá que dormir num hospital. Dizer não. Não vamos para casa. Dizer não. Não podes comer. 
E, já um pouco melhor e com a voz firme e decidida ouvir dizer " Mãe, eu não volto a este médico (ponto final)"  Sorrio. Já me parece a minha brava e doce criança. E quanto às forma farmacêuticas de administração rectal foi logo avisando "Agora só remédios pela boca!". Já em casa, o mimo é tanto que está estragadinha de todo. Dorme com a mamã, come gelado que se farta, muita brincadeira, e mimo...muito mimo. Tanto que após o primeiro dia comento. "Acho que te estou a dar mimo demais." E ela pergunta logo " Mãe, o mimo vai chegar para os dias todos?" Abraço-a e penso. "Sim, filha. Tenho mimo para te dar de uma forma infinita."
Somos fortes, quando nos apetece chorar. Somos fortes, porque assim temos que ser. Somos pais. Parecemos fortes, mas somos fracos. Muito fracos quando nos tocam nos pontos mais frágeis. Os nossos grandes pequenos amores. Amo-vos muito princesas!
E se é carnaval, não levem a mal estas lamechices de mamã...



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