Raios de luz que brilham, estrelas de luz que cintilam…brancas, azuis e prata são as cores do Natal em Paris! Sim, definitivamente, a cidade da luz!
Pelas
ruas, no metro ou no comboio, a mistura étnica domina, denunciando o local à
sua condição de capital europeia! É um olhar argelino, a cor negra dos corpulentos
povos das colónias francesas, os irrequietos chineses, imigrantes ou turistas,
os vizinhos de mesa trocando palavras em castelhano, “ o italiano em Paris” que
ouvimos na rádio, ou o velhote sem abrigo, que com todos os seus pertences em 2
sacos plásticos, insiste em perguntar pelo aeroporto em italiano, não se
fazendo entender pelos franceses pouco ou nada poliglotas…uns passos mais e
entram-nos pelos ouvidos sons em português cantado…são 2 brasileiros estudando
a melhor pose para a foto, que os envolve em sorriso de triunfo.
Da
Place de la Concorde cresce o obelisco
que de terras egípcias voou até aqui. Este esguio monumento contrasta com a
gigante roda que lentamente circula levando e trazendo os turistas num vaivém
contínuo. O Arco do Triunfo não parece longe ao fundo dos campos, que de campos
pouco têm…Os Champs Élysées!
Passo
após passo, entre árvores e largos passeios onde muitos transeuntes cruzam os
olhares, percorro estes campos por cultivar, colho as imagens para guardar,
semeio vontades para cá voltar. Os corpos cobrem-se entre quentes casacos,
luvas, gorros e cachecóis deixando a descoberto os olhinhos sedentos das luzes
desta cidade. É verdade que luzem mais no Natal! E mais ainda nos Champs Élysées…Das árvores desta avenida
luzem estrelas cadentes e reluz cada ramo regelado pelo frio.
Alcança-se
assim o espaço de luxuoso comércio desta zona da cidade: o entrar nas lojas
descongela a ponta do nariz e trás consigo as ondas quentes de verão que
convidam a despir os quentes apetrechos. Mas ao sair, a lágrima escorre do olho
pela face levada pelo vento glacial e até a voz congela. O luxo, o design, a
ostentação e a última moda moram aqui! Até um mero stand de automóveis
conquista mil turistas com sua arrojada arquitectura, com linhas que esboçam as
transparências deste edifício vítreo. São a Hugo
Boss, a Dolce Gabbana, Gucci ou
os demais conhecidos estilistas internacionais, as atracções turísticas que
convidam os cartões de crédito a laborar, mas é a Louis Vuitton o extremo do consumismo: são numerosas formigas serpenteando
a loja na corrida louca às malas, carteiras ou até armários de viagem com o
conhecido padrão que também na rua se vê vender. Nesta luta desenfreada às
compras exorbitantes o grande prémio vai, sem dúvida, para os chineses…
A
noite cai e as luzes tornam-se cada vez mais brancas, mais azuis, mais
cintilantes. A roda gigante continua a circular ao fundo do túnel sorrindo ao
Arco de Triunfo que, imóvel, parece não ligar. Subindo pela sua contorcida
escada alcançamos o topo. Os meus olhos, quase em estrabismo, seguem as
labirínticas linhas que centenas de carros apressadamente traçam por diferentes
caminhos, milagrosamente sem se tocar. Numa direcção, o vermelho dos travões…na
outra, o branco dos faróis. Soma-se a luz azul da cidade e compõem-se as cores
nacionais tecendo um longo manto que nos conduz o olhar até à gigante roda!
Rodando
180º sobre o nosso corpo temos um muito francês “déjà vu”: um novo Grande Arco …ou
o seu espelhar no futuro. La
Defense! O contraste nova-iorquino desta área cai a matar na
cidade do romance de época! O sol raia em arco-íris de cor ao tocar os
arranha-céus espelhados. Até Calder e
Miró estão presentes!
Dos
Jardins de Tuileries já se avista o Louvre. O imponente palácio é revigorado
pela geométrica arquitectura piramidal das suas entradas cristalinas onde
trespassam e reflectem os raios de luz e de cor. É neste que a maratona de
cultura não tem fim…ninguém quer morrer sem conhecer Geoconda, o amor de quase
todos os visitantes!
Da
cultura vinda de outros tempos corra para os dias de hoje no Pompidou. Verdadeira inspiração de
Richard Rogers e Renzo Piano, este contemporâneo traçado de canalizações
coloridas e vidros foscos encerra em si uma colecção de moderno design,
escultura e pintura ousada e um extravagante e sofisticado restaurante. Não
deixe também de visitar o Musée d`Orsay, construção
que germinou de uma antiga estação de comboios.
Continuando
a vaguear pela arquitectura parisiense, não teria fim esta travessia...mas
vamos ainda conhecer a obra de Jean Nouvel. O Instituto
do Mundo Árabe com sua singular fachada, impressionando os que de fora a olham
e encerrando ou desabrochando à luz externa para iluminar ou proteger os que dentro
se encontram!
Quem
vai a Paris tem que andar…passear…caminhar….e deixar-se encantar! Por cada
avenida…cada praça, café imperial ou cada ruela. Pela margem sul do Sena,
fotografando as diferentes atitudes da dama de ferro e o encruzilhado do seu comprido
vestido…pelo coração da cidade, que numa ilha bate pela Notre Dame…por cada cor dos vitrais de Ste-Chapelle…ou até pela grande esfera de La Villette.
Suba à colina de Montmartre
e deixe-se balançar nos pequenos concertos com fundo Sacré-Coeur, vagueie pelas ruelas da vida artística e deixe-se
pintar na Place du Tertre.
Para
um final feliz nesta romântica cidade, adicione a este delicioso menu a
voluptuosa sobremesa: um espectáculo no Moulin
Rouge. Regue com um soberbo champanhe francês e disfrute! Xim-xim!
Sem comentários
Enviar um comentário