05 abril 2016

Dormir (no sossego) da barragem do Alqueva


Na nossa viagem por terras no interior alentejano paramos no Alqueva. E lemos as dicas: os "a não perder", os "o que fazer", "onde comer", etc, etc. Primeira seleção feita e o correr dos dias tomará conta do resto. O "onde dormir", que temos à partida sempre tratado, com simpatia, pela Maria, veio desta vez à tona das águas frias do Alqueva... Um barco-casa para passear pelo Guadiana? E depois poder dormir nele? Yuuupi, nós queremos! Nós queremos! - gritam as pequenas, entusiasmadas. Embora o preço não fosse propriamente apelativo, a experiência era única, a época era baixa e era um "agora ou nunca" e, já que lá estávamos agora... o agora foi já!
Tudo tratado para o dia seguinte, que por ser época baixa transformava as horas normalmente concedidas por um hotel para uma noite (14 às 12h) em umas horitas a mais (11 às 17h). 
Formação recebida, "malas" feitas e partimos em viagem, rumo à barragem propriamente dita (parede), obra de engenharia sem grande beleza (para mim, alheia a este ramo), não fossem as simples palavras que nos fazem inspirar e olhar em frente, bem longe: on a clear day you can see forever.
Seguimos para uma das terras costeiras, onde a Marina está muito perto da aldeia, a Estrela, uma típica aldeia alentejana, de paredes caiadas, pouco movimento, e muito, muito sossego. Hora de prosseguir viagem, desta vez rumo à Aldeia da Luz. As miúdas, entusiasmadas, vão descobrindo os cantos à casa, muito ao estilo da Maria, mas com maior liberdade em movimento. Não ficam sentadas nem com cintos, correndo dos saltos na cama para os sofás da sala, com as suas mascotes em punho. Espreitam a condução do pai, fazem as suas curiosas perguntas, tiram sapatos e tudo que incomode, que a hora é de diversão. 
Chega então a hora de parar, absorver uns raios de sol sem o vento do movimento e, para os mais audazes, hora de mergulhar nestas águas que tanto contam.
Chegados à marina da Aldeia da Luz, por ali decidimos ficar a jantar/pernoitar, adiando o desbravar desta aldeia para a manhã seguinte.
As miúdas caem esgotadas na cama, adormecendo na hora mais atribulada a bordo. 
Chuvia. Corria vento. E o barco, o nosso S. Marcos, agitado, tentava acompanhar as ondas marcadas a vento, deixando-nos apreensivos. Para aumento da adrenalina, e por azar, um dos cabos parte. O pai, nosso herói, debaixo de chuva, vento, e uma grande escuridão, sai valentemente para amarrar melhor o barco, diminuindo a agitação. A noite, finalmente, acalma. O dia amanhece. E, com ele, as belas adormecidas acordam. Para elas, nada mexeu nesta noite revigorante de sono. 
Tivemos azar. Companheiros que pernoitaram noutras marinas descrevem uma noite sossegada. Um azar relativo. Porque, no final, apenas recordamos a experiência única que é comandar um barco e "viver" nele. Uma aventura que vamos sempre lembrar e que vos recomendamos! Quem alinharia?









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