04 novembro 2014

Uma vida cheia e um lugar repousante


Cansados. Do dia-a-dia a correr. Sem parar. Sem olhar o espelho. Enfia a roupa, olha o relógio e corre. Corre para o trabalho. Corre no trabalho. Corre do trabalho. Corre para o autocarro. Corre para a escola. Quer correr da escola mas ora são batas, ora casacos. Sobe e desce de escadas tentando apressar as pequenas sem pressa. Agora falta o livro e volta a subir. Depois falta o bebé e volta à sala. Vestem casacos a custo. Dirigimos-nos à porta. Adeus irmã M, diz uma. Eu quero ir à irmã J., diz outra. Eu também, concorda a primeira. E lá vão elas buscar o doce rebuçado com ar envergonhado, agradecer baixinho, e mais um papel para o bolso da mãe que é o lixo, o cofre, o tudo... É desta. Agora só falta chegar ao carro sem estarmos muito molhadas, conseguir equilibrar o guarda-chuva na porta do carro enquanto aperto o cinto de uma. Enquanto isso, já outra mãe (que é o nome que passamos a ter todas  - o mesmo - quando temos filhos) espera no carro pelo lugar. Olho e sinto-me pressionada mas... Dou a volta ao carro e repito os gestos para a segunda. A outra mãe, espera. Não tem outro remédio (se for mãe de dois compreenderá a repetição de movimentos, de acções). Seguimos para casa, tentando minimizar as guerras no carro, querendo saber como correu o dia, sem resposta. Ou então com ambas a atropelarem-se em dissertações sobre o seu dia. Na garagem, movimentos contrários para desfazer o feito. Para as retirar do carro. Os bebés, livros, ou outras geringonças que fizeram questão de levar para a escola de manhã terão agora que ser transportados aqui por euzinha. Mais casacos, sacos, lancheira (porque diminuir custos é uma necessidade real), carteira e o que mais houver na garagem para levar para cima. Dou graças a deus pelo elevador, pela energia, e agradeço à EDP por não falhar comigo nesta hora difícil. Mas o tempo da subida não chega para encontrar as chaves de casa numa carteira de mulher. Que acumula o facto de ser mãe. E muita coisa na carteira. E, depois de revolver a carteira umas cem vezes, toca a pousar tudo no chão para procurar melhor. A luz apaga-se. Adoro estes sensores insensíveis a estes momentos de aflição. 
Vitória! Entramos em casa. Arrumar as tralhas, jantar a andar e banhos para tomar. Roupas escolhidas para o dia seguinte. Batas. Pensar se é dia de ginástica, de dança, de ballet ou apenas um dia comum (se é que isso existe...). Banho conjunto, às vezes também com os ditos bebés. Tentar limpar e vestir com os bebés (netos) ao colo das mães. Mais uma dura tarefa conseguida. Seguinte. Choradeira para pentear os belos e longos cabelos de princesas (quais rapunzeis). Porque a mãe deve ser uma bruxa horrível que puxa cabelos prepositadamente. Ainda sem lhes tocar, já gritam. Assim como que para prevenir a malvadez da mãe. Feito. 
Vão brincar. Sem gritos. Entendem-se. Pela conversa parece que são filha e mãe.
Jantar a acabar, preparar mesa, sobremesa e gritar muitas vezes pelas princesas que nem sempre se portam como tal. Durante o jantar. "MJ, come a sopa. F, olha a colher. MJ, não dês pontapés por baixo da mesa à tua irmã. F, pára de choramingar." E lá se termina o jantar. Chega a hora de pensar no jantar de amanhã. Acabada de jantar. Não apetece mesmo nada...
Mais uma brincadeira e uma história para contar. Casa (minimamente) arrumada. Porta do quarto de brincar fechada para nem ver, nem doer. Pelo meio de tudo isto pus uma máquina a lavar. 
Lavar dentes e fazer xixi. Correr. Correr mais uma vez. Desta vez para a cama. Muitos e muitos beijos e abraços. Mais um beijinho. Mais um abracinho. Mais um apertar de mão. Mais um sorrisinho. 
Boa noite princesas (suspiro)!

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Pergunto: Será que não mereço um lugar assim?
Resposta: Só depois de estenderes a roupa que puseste a lavar! 


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2 comentários

Cecília disse...

Gosh! Fiquei cansada só de ler o teu relato, mas mais pelo reviver da minha rotina que tem coisas de parecido...E pergunto-me, coisa que me anda a cirandar pelos limites do pensamento...será que vou ter energia para 2 filhos??
Ritmos à parte, gostei da descrição. Bom de ler. Tens jeito miuda! Keep on going e aguardo ansiosamente as notícias do teu novo projeto!;)!C.

+mood disse...

Claro que terás forças! Não vou dizer que é fácil nem que é a dobrar (é ao quadrado) mas em tudo. No encantamento, na felicidade, no amor. A cumplicidade delas tudo compensa. A tua "luz" merece!
Quanto ao novo projecto... Brevemente haverá notícias... Bjinhos

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