A minha caçula vai para a escola. E a mãe sente a dor de barriga que sentiu quando foi pela primeira vez. E a mesma emoção de há 2 anos, quando a mana também entrou por este portão que vejo enorme e que vos leva a prosseguir na vida, longe do colo e das saias da mãe, nesta coisa importante que é a escolaridade. E não será esta propriamente que me preocupa e emociona, mas sim ver-vos crescer. Ter todos os dias que me despedir de um bocadinho de vós para conhecer outro. Do cheirinho de bebé para os perfumes e batons de menina, das barriguinhas redondas aos umbigos de fora com os tops mais na moda, dos mil sarrabiscos e papelinhos com desenhos nos meus bolsos aos escritos nos diários mais secretos...
Hoje estás com febre na casa dos avós, caçulinha. Com todo o mimo que mereces. E eu aguardo com alguma ansiedade dar-te boas notícias. Ambiciono ler-te nomes teus conhecidos da lista onde estarás impressa e que te alinhará nos lugares da sala numa casa nova. Mais uma. São estes nomes, gritados por ti tantas vezes entre brincadeiras, que espero te dêem o conforto que não conseguirei dar-te por não poder lá estar. Em presença física. Porque a minha química, essa estará sempre contigo.
Desejo profundamente que sigas equilibrada nos malabarismos da vida, e que te saibas contorcer perante as vibrações, com a delicadeza dos movimentos da tua dança de ballet. Prometo ser rede e colo a cada tropeço nas fitas das sabrinas, e ajudar-te a dar, novamente, um forte laço nas mesmas.
Mas, por agora, o que quero mesmo é algo banal: dar-te a letra A. Porque na tua doce ingenuidade e na vontade de seguir religiosamente a mana mais velha, geneticamente líder, e os seus mais ferozes ensinamentos de escola primária, me confessaste um sonho: ficar na turma A. Porque entre rimas e rivalidades, o "1 A é a melhor turma que há! "
Nota. Este texto foi escrito hoje pela manhã, com alguma expectativa. O título só foi escolhido após conhecimento das turmas 😀❤️